quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

microcontos

Microconto é uma espécie de conto que anda meio na moda nos meios literários. Muitos entendem que microconto e miniconto são a mesma coisa, mas eu acho que não. Acho que o miniconto é apenas um conto pequeno, que cabe, por exemplo, em uma página. Mas o microconto é o ápice da concisão. Poucas frases, no máximo três. De preferência uma. O problema é que muita gente confunde microconto com poema em prosa, ou com piadinha, ou com o que daria pra chamar de sacada de publicitário. Mas para ser conto tem que haver uma narrativa, senão é qualquer outra coisa e pode até ter seu valor, mas conto não é. O guatemalteco Augusto Monterroso escreveu aquele que é considerado o melhor microconto. É assim: "Quando acordou o dinossauro ainda estava lá." Genial, mas prefiro este, de Hemingway: "Vende-se: sapatos de bebê, sem uso." E eu, de brincadeira, resolvi escrever alguns. Ei-los.


VISITA
Depois de espiar pelo olho mágico, tentou fugir pela janela e rachou a cabeça no meio-fio. Tudo por medo daquela velha magra vestida de preto que tocara a campainha.


AMOR VOLÁTIL
Respondeu sim. No minuto seguinte, não estava mais a fim.


ORGULHO
Ela chorava no avião. Ele vertia lágrimas no colchão. Ambos sem coragem de pedir perdão.

8 comentários:

Anônimo disse...

já os tinha lido. o segundo não gostei. o terceiro é bom. o primeiro é realmente, como dizes, uma narrativa, e tem força. tua brincadeira pode dar resultado. agora, o do Hemingway - meu deus!

um grande abraço,

virgilio.

Anônimo disse...

gostei do blog e és bom de microcontos.

boas férias!

ana clara

mulher de sardas disse...

parece mentira que alguém concorda comigo e ainda mais tu!

depois de tudo que já ouvi é reconfortante ler teu breve comentário.

não queria entrar em nenhuma questão social ou política, muito menos sobre quem merece morrer, cidadão ou bandido.

só queria dizer que uma pessoa, sob hipótese alguma, deveria comemorar a morte de outra.

Anônimo disse...

quando vem novidade no blog?

Espaço de Educação e Cultura Manoel de Barros disse...

ainda nada de novo no blog...

Senhor B disse...

Salve, Waguinho!
Então, ontem fui ao aniversário do Virgílio e relembramos alguns daqueles momentos da pré-história dos Ingleses, nossos moranguinhos, limãozinhos e outros -inhos alcoólicos d'outrora. Como anda essa força?
Tentarei passar mais vezes por aqui.

Abraço!

Pequena disse...

Uma vez escrevi "Quando morri, não gostei. Não morro de novo nem morto." Isso é um microconto?

Cris.

Anônimo disse...

Belos microcontos teu...
Amor volátil e Orgulho são especialmente lindos!
Parabéns, mais uma vez!
Fazia tempo que não aparecia por aqui... sempre muito bom ler o que vc escreve!
Abraço,
Carol Guedes