domingo, 8 de julho de 2007

anotações para um improvável ensaio poético-filológico

Não sei por que, mas fiquei pensando nos dois significados da palavra presente. O momento presente seria um presente (de deus?)? Ou seria a palavra presente – no sentido de mimo, regalo – filha daquela que significa agora? Quem concede um presente teria a intenção de manter-se presente na ausência? Neste caso, não vale oferecer, por exemplo, um chocolate ou uma rosa, do que fica apenas a ausência. Aliás, uma flor, tão linda enquanto presente, murcha e morre, assemelhando-se mais à ausência que à presença. Em suma, à saudade, cacto no jardim das lembranças. Por outro lado, considerando que o tempo presente seja um presente de deus, existem momentos – aqueles em que se deseja que o passado volte a ser presente – que o presente é um presente de grego.

Observação de relevância nula: o verbo apresentar parecia dar-me uma solução, mas acabou por aprofundar a dúvida, pois pensei que ali estivesse a origem do substantivo presente (no sentido de mimo, regalo), estando este separado de presente no sentido de tempo. Mas me convenci de que apresentar significa tornar presente, trazer à presença... e voltei à estaca zero.

5 comentários:

Anônimo disse...

definiu a minha vida, sim.

Anônimo disse...

meu namorado é um sujeito poeta. e eu o amo.

mulher de sardas disse...

apareça sempre.

e traga biscoitos!

Vinicius Camargo disse...

Obrigado pelo teu comentário lá no meu blog. Claro que sabia de quem se tratava, posto que sempre o tive estima.

Gostei desta tua crônica, sobretudo da imagem das rosas.

Abraço.

josé-virgílio disse...

acho que é o melhor texto que li teu. abraço.